Capítulo 8 

Quando acordei novamente, já estava deitada na mesa de cirurgia, e o médico disse friamente: “O bebê se foi, agora precisamos fazer uma curetagem para você. Sra. Barbosa, prepare–se emocionalmente.” 

Após a cirurgia, liguei para ele, que disse estar muito ocupado, em uma reunião importante sobre uma parceria. 

Desconsolada, insisti que precisávamos nos ver. 

Quando ele chegou furioso ao hospital, não havia o menor traço de preocupação em seu rosto, apenas uma expressão de puro desprezo por mim: “Marlene, por quanto tempo você vai continuar assim?” 

Engoli as palavras que eu estava prestes a dizer sobre nosso filho. 

Olhei para aquele rosto ainda bonito, que antes me era cheio de ternura e agora se transformara em algo odioso. 

“Por que está me olhando assim? Essa é a cirurgia que você disse que faria? Que cirurgia você fez?” 

Depois da cirurgia, senti como se uma faca estivesse se movendo dentro de mim, uma dor insuportável. 

Diante de seu questionamento, lembrei–me das palavras de Mirella. 

Não há tristeza maior do que um coração morto, eu não queria dar mais explicações. 

Tudo o que eu sentia era um ódio imenso. 

Eu já havia proposto o fim do nosso noivado. 

Ele era livre para ficar com quem quisesse, e eu não poderia impedi–lo. 

Foi ele quem insistiu para que ficássemos juntos, prometendo que nunca mais veria a Mirella. 

Se eu tivesse me afastado naquela época, não teria engravidado. 

Ele poderia me machucar, mas por que arrastar uma criança inocente? 

Segurei o lençol com força, enquanto lágrimas incontroláveis escorriam pelo meu queixo. 

Ao ver minha face pálida e a testa coberta de suor frio devido à dor, ele percebeu que algo estava errado. 

“Marlene, o que você tem?” 

Se fosse antes, eu teria discutido, mas agora, tudo que tinha em mente era um ódio ocupando tudo! 

O que eu fiz de errado para permitir que ele e Mirella continuassem me maltratando? 

13 

Por que o inocente bebê tinha que ser parte do jogo deles? 

Os estudos da bíblia estavam certos: o amor gera preocupação, então o amor gera medo. 

Agora eu era como um demônio vingador saído do inferno, determinado a fazê–los pagar um preço alto em memória do meu filho que se foi. 

Eu estava em um hospital particular de propriedade da família Barbosa. 

Mirella ousou agir sem medo e preocupação, e ela certamente havia preparado tudo com antecedência. 

Mesmo que eu revelasse a verdade, ela teria “provas” preparadas para me desacreditar. 

Se Nelson acreditasse em mim, ele poderia descobrir a verdade, mas agora seu coração pertencia apenas a Mirella. 

Mirella sabia que ele não investigaria a fundo, contentando–se com a versão dela e agindo contra mim repetidas vezes. 

Eu já estava farta de seus jogos. 

Não cometeria o mesmo erro desta vez. 

Eu sabia que ela estava fazendo tudo isso para me fazer desistir do noivado, para que ela pudesse entrar na família legitimamente. 

Mas eu não lhe daria essa chance. 

Engoli a dor e mantive a história do bebé comigo. 

Esse era o meu trunfo: somente revelando a verdadeira face de Mirella a todos é que a história do aborto se tornaria uma bomba. 

Caso contrário, seria como antes: Mirella me manipulando, minimizando grandes questões e ignorando as menores, sempre saindo impune. 

Vendo–me chorar sem parar, Nelson também ficou preocupado. 

“Não chore mais, estava me culpando por não ter vindo te visitar? Estou ocupado com um grande projeto.” 

Parecia que ele ainda valorizava nossos anos juntos apesar de se importar com Mirella. 

“Nelson, sonhei que você não me amava mais, estou com muito medo.” 

“Acalme–se. Não pense em bobagens, como eu poderia não te amar?” 

Mirella achou que eu aproveitaria a oportunidade para fazer um escândalo com Nelson, rompendo o casamento. 

Ela chegou na hora marcada esperando ver minha desgraça, mas só viu eu e Nelson abraçados, pálidos. 

Daquele dia em diante, eu mudei. 

Capitulo 8 

Decidi apenas encontrar provas do caso secreto entre Nelson e Mirella. 

Apesar da Mirella ter tentado de tudo, o mais próximo que ela chegou de Nelson foi um beijo, e ele não cruzou a linha de tocá–la. 

Mas isso foi o suficiente para que Mirella me ridicularizasse. 

Ela sempre fazia questão de me enviar fotos e mensagens ambíguas, para depois retirá–las. 

Sem que ela soubesse, eu capturei e registrei tudo. 

Eu estava planejando um grande espetáculo para revelar o caso dele com Mirella durante a nossa recepção de casamento.