Capítulo 7 

Nelson não acreditou quando soube que algo tinha acontecido comigo, ele fechou a porta do carro com força e tentou me ligar novamente, apenas para ouvir a voz de uma mulher 

avisando que o telefone estava desligado. 

Ele então abriu o WhatsApp. 

O primeiro contato que ele viu foi o da minha irmã, e notei que ele havia acrescentado um coração ao lado do nome de Mirella na descrição do contato. 

Desde que nos conhecemos, eu sempre estive no topo de sua lista. 

Dois anos atrás, descobri que ele havia mudado para Mirella. 

A pessoa que costumava chamar de “pestinha“, gradualmente começou a chamar de “Mirella“. 

Quando perguntei sobre a mudança de contato, vi um lampejo de culpa em seus olhos, e ele se justificou com desculpas esfarrapadas, dizendo até que eu estava sendo mesquinha e agressiva. 

Desde que Mirella voltou para a família Barbosa, há três anos, ela começou a me atacar sem 

parar. 

Com sua atuação impecável, meus pais e até meu irmão começaram a me ver como a irmã má, desenvolvendo uma intensa aversão por mim. 

Eu achava que o Nelson era diferente. 

Nós crescemos juntos, ele sabia como eu realmente era. 

Mas, silenciosamente, ele também mudou. 

Ele começou a me ver da mesma forma que os outros. 

Havia sinais de que Nelson já tinha me deixado há muito tempo, mas eu era a única que ainda se agarrava ao passado. 

Nelson deslizava rapidamente o dedo pela lista do WhatsApp, tentando encontrar minha foto de perfil em meio às inúmeras mensagens de amigos e familiares que o estavam consolando por ter fugido do casamento. 

Finalmente, localizou meu contato após algum esforço. 

Ao abri–la, ele viu, além da localização, a última mensagem que eu havia enviado em minha vida. 

[Marlene: Nelson, precisamos conversar.] 

Nelson ficou parado, olhando para aquela mensagem. 

Depois de um tempo, ele gravou uma mensagem de voz: “Marlene, onde você está?” 

VA 

14:44 

Capítulo 7 

“Eu já disse para não fazer esse tipo de brincadeira. Já estamos casados! Por que você insiste em provocar Mirella? Você sabe o quanto ela sofreu ontem?” 

“Se você voltar agora, eu vou esquecer o que aconteceu ontem à noite.” 

Depois de enviar essas mensagens, ele jogou o celular de lado, e o assistente, vendo seu cansaço misturado com preocupação no espelho retrovisor, tentou confortá–lo: 

“Sr. Lopes, sua esposa sempre foi uma pessoa sensata. Mesmo ontem, quando o senhor a deixou sozinha no altar, ela não ficou brava. Não acho que ela faria uma brincadeira de tão mau gosto, que poderia até envolver a polícia. Talvez devêssemos procurá–la?” 

“Você a conhece bem?” 

“Não, Sr. Lopes, só acho que ela está em uma situação lamentável.” 

“Lamentável?” – Ele riu com desdém. 

Nelson disse sarcasticamente: “Ela sempre gostou de fazer uma cena, de se fazer de vítima para chamar a atenção. Bem, se você tiver tempo, mande alguém para o Rio das Orquídeas. Talvez encontrem o corpo dela lá.” 

Quando alguém começar a odiar você, não pergunte por quê. 

Todos os motivos que você imaginar estão certos. 

Eu vinha sentindo que o Nelson havia mudado há muito tempo. 

Desde que ele começou a falar mal de Mirella, mencionando–a em sete de cada dez frases, eu sabia que ele havia mudado. 

Ele começou a se lembrar das preferências e gostos de Mirella. 

Quando ele viajava a trabalho, além de trazer presentes para mim, também trazia algo para Mirella. 

Há meio ano, Nelson foi ao exterior para inspecionar um projeto. 

Um terremoto inesperado ocorreu, causando um deslizamento de terra. 

Eu imediatamente comprei uma passagem aérea para ir até lá, mas Mirella escondeu meu passaporte e visto. 

Incapaz de viajar para o exterior, ela embarcou no voo no mesmo dia. 

Arrisquei–me a atravessar o Pacífico ilegalmente e acabei enfrentando um tsunami. 

Se não fosse por um bom samaritano, eu teria morrido no mar. 

Quando voltei para casa, aliviada por estar viva, Mirella me acusou de ter ido passear no mar. 

Quando tentei explicar sobre o passaporte, ela abriu a gaveta na frente de todos, onde meu passaporte estava escondido, colocando–me em uma situação indefensável. 

Nelson não deu ouvidos à minha explicação e foi até mesmo duro comigo. 

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14:44 

Capitulo 7 

Olhando para aquele homem que eu não reconhecia mais, decidi acabar com tudo. 

“Nelson, vamos cancelar nosso casamento.” 

“Você está brincando?” – Ele me olhou com desagrado. 

Eu disse calmamente: “Já tentei de tudo nesse relacionamento. Não quero que cheguemos ao ponto de não querermos nos ver nem mesmo na morte. É melhor terminarmos agora, antes que o ódio tome conta de nós.” 

Quando Nelson percebeu que eu estava falando sério, finalmente vi pânico em seus olhos. 

Daquele dia em diante, ele me fez promessas e também disse que estabeleceria limites com Mirella. 

Presentes chegavam incessantemente, e ele até preparou uma proposta de casamento grandiosa, começando a organizar nosso matrimônio. 

Eu pensei que seria feliz para sempre. 

Três meses atrás. 

Após uma noite de bebida, acabamos tendo um envolvimento, e eu fiquei grávida dele. 

Eu estava ansiosa para contar–lhe a boa notícia. 

No entanto, fui enganada por Mirella, que se preparou para cair da escada. 

Nelson chegou furioso, levantou–a do chão e, quando tentei me aproximar dele para explicar, ele me empurrou sem piedade para o chão. 

Foi então que percebi que toda aquela doçura era apenas um verniz em um espelho pacífico. 

Bastava um leve toque para que ele se despedaçasse. 

Afinal de contas, ele sempre acreditou em Mirella, independentemente das evidências. 

Depois de ser empurrada para o chão, senti uma dor intensa na região abdominal e desmaiei. 

O médico disse que o estado do bebê era instável, e passei vários dias no hospital fazendo tratamento para proteger a gravidez. 

Soube por um assistente que ele estava planejando um grande projeto e, mesmo sabendo que eu estava no hospital, não veio me visitar. 

Mas eu realmente não me importava mais com ele, a única pessoa que importava para mim neste mundo era esse bebê. 

Eu tinha que dar à luz esse tesouro em segurança. 

Mas o que eu não esperava era que fosse a Mirella que viesse, ela ficou em frente à minha cama, descrevendo vividamente como Nelson a abraçou, beijou e acariciou… 

Senti meu estômago revirar e uma sensação úmida abaixo de mim, como se um líquido estivesse escorrendo. 

Demasiado fraca para tocar a campainha, só pude chamar pelo médico. 

Em pânico, saí da cama. 

Mesmo que tivesse que me separar de Nelson, eu tinha que salvar este bebê. 

Ao sair da cama, vi o chocante sangue no lençol. 

Sofrendo de dor intensa e suando frio, dei um passo de cada vez em direção à porta. 

O sangue escorria entre minhas pernas, formando um rastro no chão. 

Ignorando tudo, eu só conseguia pensar em uma coisa: meu bebê, meu bebê… 

Tudo escureceu diante de meus olhos e eu caí no chão.