Capítulo 13
Nelson encontrou o olhar cansado de Rosana, com veias vermelhas e olheiras profundas sob os olhos.
Seus lábios ressecados e descamados mostravam claramente que ela estava há dias sem dormir direito.
Ficou evidente que ela não estava mentindo.
Marlene não estava com ela.
Então, para onde teria ido durante aqueles dias?
Nelson se virou e saiu rapidamente, ouvindo a voz de Rosana ecoando atrás dele: “Nelson, se algo tiver acontecido com a Marlene, eu nunca vou te perdoar!”
Estendi a mão, tentando alisar o cabelo bagunçado de Rosana, mas minha mão passou direto pelo rosto dela.
Soltei um suspiro de resignação: “Rosana, sinto muito por não ter cumprido nossa promessa, você precisa ser feliz.”
Minha mão não podia mais tocá–la, e minha voz… nunca mais seria ouvida por ela.
De repente, Nelson me arrastou para fora novamente, atendeu a um telefonema e saiu dirigindo.
Quando parou novamente, sua expressão ficou sombria.
Ele chamou seu assistente: “Você poderia verificar se a Mar…“.
Eu só conseguia pensar que aquilo era ridículo.
O homem que eu havia amado por tantos anos só decidiu me procurar no quarto dia de meu desaparecimento.
Meu corpo provavelmente já estava se decompondo.
Antes que eu pudesse concluir meu pensamento, Mirella abriu a porta do carro e se lançou sobre ele: “Nelson, por que você está me evitando esses dias?”
Mirella bufou, parecendo injustiçada.
Nelson, querendo manter seu relacionamento com ela em segredo, encerrou a ligação com seu assistente.
Ele parecia cansado, sem energia para lidar com Mirella.
“Mirella, tenho outro compromisso mais tarde. Se não for algo importante, preciso voltar para a empresa agora.”
Mirella agarrou seu braço: “Nelson, hoje é a abertura da minha exposição de arte, você nem vai
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Capitulo 13
aparecer para dar uma força?”
Foi só então que Nelson percebeu.
Nos últimos dias, mergulhado no trabalho, ele não apenas ignorou o desaparecimento de Marlene, mas também esqueceu completamente da exposição de arte que Mirella havia passado um ano preparando.
“Foi uma falha minha, vamos.”
Olhando para o celular abandonado ao meu lado, sorri ironicamente.
Tantos anos de dedicação tinham sido, no final, em vão.
A exposição de Mirella estava marcada no Calçadão dos Coqueiros, o lugar onde eu sempre sonhei em fazer minha própria exposição.
Desde pequenas, Mirella e eu adorávamos pintar, e nosso pai conseguiu que o diretor da Academia Central de Belas Artes fosse nosso instrutor.
O professor sempre dizia que eu era a aluna mais talentosa que ele já havia visto.
Nascidas na família Barbosa, a pintura era, no máximo, um hobby.
Nossos pais preferiam que nos concentrássemos em finanças.
Seja para administrar a família Barbosa ou para, no futuro, ser uma esposa capaz de ajudar o marido, eles queriam que fossemos mais do que uma “bonitinha que só sabe pintar.”
Ao longo dos anos, pintei muito em segredo, sonhando em um dia abrir minha própria galeria.
Nunca imaginei que morreria sem realizar esse sonho, enquanto Mirella o fez.
Ela sempre foi diferente de mim, a família mal podia esperar para mimá–la.
Eles fariam de tudo por ela, sem jamais deixá–la assumir qualquer responsabilidade.
Segui–os, sentindo um aperto no coração.
Minha morte foi tão súbita, havia tanto que eu ainda queria fazer.
Ouvi elogios ao meu redor: “A Sra. Barbosa pinta tão bem, que talento!”
“Não é à toa que você tem talento dado por Deus. Esta Pintura de Ninféias é realmente um deleite para os olhos.”
Ninféias?
Levantei a cabeça, e o que vi foi uma pintura que, sem dúvida, fora feita por mim.
Olhando ao redor, muitas das obras expostas eram as que eu tinha guardado em meu estúdio
subterrâneo.
Mirella havia levado meu trabalho para sua galeria!
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11.16.1M
Capitulo 13
Como ela ousou fazer isso tão descaradamente, a menos que soubesse que eu estava morta e nunca mais voltaria?
Foi ela!
Só podia ter sido ela quem mandou alguém me matar!