Capítulo 364
Hélio, vendo sua obediência, a chamou:
– Venha aqui, para perto do mestre.
Bianca obedeceu e se aproximou. Hélio esticou o braço e deu um leve peteleco no nariz dela.
–
Ai! Mestre, isso dói. – Bianca exclamou.
– É o castigo! – Hélio ficou sério. – Por não contar com a gente quando deveria, esse é um castigo leve.
Bianca deixou escapar um lampejo de dor nos olhos, mas logo escondeu.
– Entendi, não vou mais fazer isso.
Hélio não ignorou a expressão dela, suspirando interiormente. Os tormentos pelos quais ela passou eram desumanos, pensar nisso era perturbador.
Segurando a mão dela, ele a fez sentar ao seu lado, depois disse:
– Isaac tem uma personalidade e caráter muito superiores aos de Renato. Tenho certeza de que ele não vai te decepcionar nem te tratar mal. No entanto, as coisas mudam facilmente, assim como os corações das pessoas. Antes, ele gostava de você, e se não conseguia te ter, pensava ainda mais em você. Agora que ele finalmente se casou com você, não há garantias de que não possa se cansar e mudar de ideia. Quanto aos homens, nenhum deles é confiável. Por isso, se você gosta dele, também não deve se entregar completamente, entendeu?
O quinto irmão da seita assentiu vigorosamente, concordando:
–
Sím, nenhum homem presta, só de olhar para eles dá nojo. Não podemos confiar plenamente neles, para não enfrentarmos mais um canalha…
– Cale a boca! – Lorenzo deu um tapa na testa dele. Quando o mestre falou aquelas palavras, Lorenzo achou inapropriado assustar a irmãzinha, mas estava diante do mestre e não podia discordar. Ele não esperava que o quinto irmão ainda fosse concordar com o mestre.
Roxy, ouvindo a conversa, riu:
– Cinco, você também é homem, por que está dizendo que homens são nojentos?
O quinto irmão da Seita dos Mil Saberes se chamava Murilo, era habilidoso com instrumentos musicais e ainda mais habilidoso em usá–los para matar. Por ser o quinto na seita, todos o
chamavam de Cinco.
Murilo olhou para Roxy, seu belo rosto exibindo frieza ao responder:
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—
Por que não seriam nojentos? É por isso que evito a companhia de homens e só sou amigo de mulheres.
Você está apenas arranjando desculpas para si mesmo. – Roxy riu sarcasticamente.
Quem não sabia que o Cinco adorava frequentar os bordéis? Ele tocava instrumentos, soprava flautas, enquanto as mulheres dançavam ao som de sua música. Isso foi algo que ela testemunhou com seus próprios olhos.
Murilo lançou um olhar tenso para fora, sussurrando:
Não fale bobagens! Se isso chegar aos ouvidos do tio Cássio, eu não vou te perdoar.
Roxy deu de ombros, dizendo:
–
Quem muito se arrisca, um dia se ferra.
Murilo se virou sem expressão, retrucando:
–
– Desde
que te conheci, nem gosto mais de mulheres.
– Chega, calem–se todos. – Hélio interrompeu a discussão deles. – Amanhã já vamos voltar para a Seita dos Mil Saberes. Se tiverem algo a dizer para a irmãzinha de vocês, digam logo, sem rodeios. Ela ainda tem que ir até a Torres dos Deuses daqui a pouco para prestar homenagem a seus pais e parentes.
Lorenzo foi empurrado para fora, pois ele havia ficado na Casa do Duque por alguns dias antes do casamento de Bianca. Como poderia ocupar o tempo deles de conversar com a Bibi?
Bianca foi cercada pelos irmãos da seita. Enquanto falavam, não se sobrepunham, cada um dizia algumas palavras, mas no fundo, independente do que falavam, todos estavam lembrando a irmãzinha de que ela sempre teria o apoio da seita em momentos difíceis.
Janaína abraçava Bianca. Essa mulher, que normalmente era forte como uma águia feroz, não conseguiu segurar as lágrimas.
“A minha Bibi, quando chegou à Seita dos Mil Saberes aos sete ou oito anos de idade, com seus dois coques e vestida com um pequeno vestido vermelho, era tão bonita e adorável como uma cereja vermelha, com bochechas tão fofas que ninguém resistia a querer beliscar ou beijar.”
Bibi estava sempre seguindo Janaína. No início de sua prática de artes marciais, enquanto treinava os fundamentos, nos primeiros dias mal conseguia andar de cansaço, então era Janaína quem a carregava de volta para o quarto após os treinos, aplicando medicamentos em
seu corpo.
Ela sabia como fazer manha, e dizia de forma meiga:
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“– Janaína, estou com vontade de comer damascos.”
Apesar do sabor ácido do damasco fresco, Bibi os comia sem hesitar, mesmo que seu rosto se enrugassem por causa da acidez, ela não se importava.
Mais tarde, Janaína aprendeu a fazer doce de damasco, e o doce sempre fazia a sua irmãzinha sorrir.
Ao vê–la sorrir, todas as preocupações pareciam desaparecer.
Seus olhos naquela época eram como duas contas brilhantes e negras, cheios de brilho e liberdade.
E aquela pequena garota, agora cresceu e se casou.
Janaína sentiu uma mistura de tristeza e felicidade. Lembrando–se de suas experiências desumanas dos últimos anos, suas lágrimas não podiam ser contidas.