Capítulo 34
Após alguns familiares oferecerem algumas palavras de consolo a Mirella, todos se foram, deixando apenas ela e Nelson sozinhos no ambiente.
Agora, Nelson estava com a mente e o coração completamente ocupados por Mirella, sem sequer lembrar–se do meu desaparecimento.
“Mirella, a sua vovó já está velha, não leve tão a sério o que ela diz.”
“Nelson, eu sei, mas a vovó me odeia tanto que provavelmente não vai querer aceitar meu
presente.”
Ela pegou o livro de pele humana: “Nelson, dê esse livro para a vovó, por favor. Ela sempre foi devota, rezando e jejuando, e como essa oração foi abençoada por um sacerdote venerado, ele certamente trará proteção e bênçãos prolongadas para a vovó.”
“Mirella, você é realmente muito gentil. Um dia, a vovó entenderá suas boas intenções. Deixe isso comigo.”
Nelson pegou o livro de pele humana.
A princípio, ele estava reticente em relação a esse tipo de objeto, mas, ao tocá–lo, seus dedos inconscientemente deslizaram sobre a capa.
A textura era macia, como a pele de uma mulher, despertando pensamentos inquietos.
Ao perceber o rumo de seus próprios pensamentos, Nelson apressou–se em afastá–los.
Aquilo parecia uma loucura, quase como uma maldição.
“Ah, Nelson, quase me esqueci! A vovó me detesta tanto… Por favor, não diga que fui eu quem deu o presente. E, pelo amor de Deus, não mencione que é um livro encadernado em pele humana. Tenho medo que ela não seja capaz de aceitar.”
“Eu entendo.”
Nelson acariciou sua cabeça: “Por favor, nunca mais faça algo do tipo. Você não tem ideia de como todos ficamos preocupados com você.”
“Nelson, você é tão bom para mim”
O afeto mútuo deles era quase insuportável de se ver.
Depois de se despedir de Mirella, Nelson entrou no quarto com o livro e seu próprio presente em mãos.
A vovó havia acabado de terminar seu café, e seu semblante parecia um pouco mais calmo.
Quando ouviu passos se aproximando, ela instintivamente gritou: “A Marlene voltou? Deixe a vovó ver…”
O olhar dela pousou no rosto de Nelson, tornando–se instantaneamente frio: “É você? O que
04:21
você está fazendo aqui de novo?”
Sabendo que ela ainda estava irada, Nelson baixou o tom e, pegando um banquinho, sentou–se ao lado da cama.
“Vovó, eu errei ao fugir do casamento. Marlene e eu estamos juntos há tantos anos… ela é a única mulher no meu coração. Mirella é apenas minha irmã. Posso jurar diante de você que tratarei Marlene com todo o respeito no futuro e jamais a farei sofrer de novo.”
A vovó semicerrou os olhos, lançando–lhe um olhar severo. “Pois bem, se quer jurar, faça isso perante a imagem de Deus. Se você ousar trair Marlene, fazendo algo para desonrá–la, que você tenha um fim miserável, sem descendentes!”
As palavras dela fizeram o coração de Nelson vacilar.
Embora ele tivesse decidido se afastar de Mirella, o pensamento daquela noite ainda o assombrava…
“O quê, você está com medo? Então não me engane com sua falsidade. Eu não vou cair nessa!” Provocado pela vovó, Nelson respondeu: “Vovó, estou falando a verdade. Não tenho nada a
temer.”
Com isso, ele se dirigiu ao santuário da casa, um lugar que minha vovó dedicava especialmente à adoração divina.
Quando ele entrou, um suave aroma de sândalo encheu o ar, e os olhos compassivos das estátuas pareciam observar o mundo com serenidade.
Nelson se ajoelhou no tapete de oração, olhando para os olhos compassivos da divindade, sentindo–se inexplicavelmente nervoso.
A vovó, apoiada em sua bengala, lançou–lhe um olhar desafiador: “Vai lá, jure. Está hesitando?”
Nelson ergueu a mão e proferiu: “Eu, Nelson Lopes, juro amar apenas Marlene Barbosa nesta vida. Nunca a trairei e, cuidarei, respeitarei e a amarei. Se eu quebrar esse juramento, que eu tenha um fim miserável, sem… sem descendentes.”
Assim que as palavras foram ditas, um raio cortou o céu lá fora.
“Bum!”
212