Capítulo 14
Ao me dar conta desse pensamento, uma fúria imensa invadiu meu peito. Parecia haver uma barreira invisível ao meu redor, me impedindo de agir.
Mesmo com minha inimiga à vista, eu era incapaz de fazer qualquer coisa!
Eu só podia assistir impotente enquanto ela se apropriava dos frutos de meus esforços diurnos e noturnos, ganhando elogios sem nenhum esforço.
Essas pinturas nunca foram criadas para a adulação dos outros, foram criadas como uma forma de autocura.
Nos últimos dois anos, por causa de Mirella, fiquei profundamente deprimida e até fui a um psicólogo, que me diagnosticou depressão grave.
A medicação apenas mascarou o problema sem tratar a causa principal, então ele sugeriu que eu me afastasse do que desencadeou minha depressão ou aprendesse a curá–la.
Eu sabia que a raiz do meu problema era a Mirella e o Nelson.
Naquela época, minha obsessão me levou a um abismo ainda mais sombrio.
Antes de me afastar da família Barbosa, eu me refugiava com frequência no estúdio subterrâneo para pintar, na tentativa de me recuperar de cada ferida.
E agora, Mirella não poupava nem mesmo esses objetos inanimados.
Quando alguém descobrir a assinatura nos quadros, seria como se tivesse encontrado um tesouro perdido.
No ensino fundamental, eu havia adotado o pseudônimo “M” e participado de um concurso de design, ganhando notoriedade imediata.
Naquela época, temendo que meus pais pensassem que eu estava desperdiçando tempo com a pintura, eu nem sequer apareci para receber o prêmio.
Minha conta secreta em redes sociais acabou atraindo muitos seguidores ansiosos por novidades, e eu publicava uma nova obra a cada ano, um segredo que nem mesmo Nelson conhecia.
Até que dois anos atrás, eu postei uma nova obra pela conta errada.
A pintura rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados, e eu, desinteressado pela fama, não fiz questão de esclarecer, deixando os fãs especularem.
Havia muitas discussões sobre mim na internet, alguns diziam que “M” era eu, outros que eu estava apenas tentando chamar atenção.
Nunca esclareci a situação e, em menos de um mês, o assunto foi esquecido.
Dois anos depois, Mirella desenterrou minhas obras que nunca haviam sido publicadas.
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Capítulo 14
Eu costumava ocultar minha assinatura nas pinturas, e alguns de meus antigos seguidores reconheceram imediatamente meu estilo, presumindo erroneamente que as obras pertenciam a Mirella.
O incidente da postagem errada foi retomado, alguns me criticando, enquanto outros a elogiaram.
Mirella ganhou a reputação de ser uma jovem talentosa, gentil e bonita.
A situação se espalhou rapidamente pela Internet, e logo todos estavam me acusando de me passar por “M“.
Até mesmo as obras de caridade que eu fazia com o nome “M” foram creditadas a Mirella.
Nelson, observando tudo isso, mostrou uma expressão complexa em seu olhar; mesmo sem saber que “M” era eu, ele reconheceu meu estilo de pintura.
“Mirella, a autora dessas obras realmente foi você?” – perguntou ele.
Com lágrimas nos olhos, Mirella respondeu: “Nelson, se não fui eu, quem mais poderia ter sido? Você não disse que gostava das minhas pinturas?”
“Só achei que o estilo está um pouco diferente do seu habitual.”
“Quem disse que um artista tem que se ater a um único estilo? Eu tenho muitos estilos que Nelson ainda pode descobrir.”
Enquanto ela falava, seus dedos deslizavam lentamente pelo peito de Nelson, ficando cada vez
mais ousados.
Nelson, não querendo chamar atenção, rapidamente afastou a mão dela: “O leilão vai começar, vamos para lá.”
Fui obrigada a seguir para o local do leilão, onde haviam muitos interessados em arte.
Muitos vieram após verem a notícia sobre “M” na internet, incluindo colegas e fãs, fazendo com que o local estivesse lotado.
Enquanto Nelson se movia pela multidão, alguém esbarrou nele.
“Desculpe.” – A voz do homem estava rouca, como se tivesse sido marcada por fumaça e fogo, e seu rosto estava escondido pela postura curvada.
Quando o homem levantou o rosto, seus olhos, vermelhos e escuros, encontraram os meus.
Bum!
Meu coração doeu como se fosse atingido por um martelo.
Era ele! O assassino que tirou minha vida estava lá!
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