CAPÍTULO 25: Auditoria para confirmar as suspeitas
Todos chegaram e meu chefe me disse para trancar a porta da minha sala e fechar a porta da sala dele quando entrasse. Nos sentamos nos sofás e Alessandro começou. 1
– É o seguinte, vocês quatro são as únicas pessoas em quem confio nesse momento, então o tema dessa reunião é sigiloso e ninguém deve saber. Há seis meses eu notei algumas pequenas incongruências entre os relatórios financeiros, a contabilidade e os relatórios comerciais. Então, eu e Patrício começamos a olhar com mais cuidado. Com o último relatório financeiro nós tivemos certeza, tem alguma coisa errada quando cruzamos os dados. Acho que alguém está roubando a empresa. 9
Eu fiquei apreensiva, isso era muito grave. Olhei para o Rick que estava como eu muito atento. Então o Patrício falou: 3
– É gente, mas não é só que estejam desviando dinheiro, estão desviando outros recursos também, além de alguns clientes estarem diminuindo a freqüência de negócios conosco e alguns simplesmente encerraram seus contratos. 2
– Então rapazes isso é mais grave ainda, porque se a empresa está sofrendo ataques diferentes, corremos o risco dela ser esvaziada e falir. – Mariana disse assustada. 3
Sim, Mari, isso é gravíssimo. Por isso te pedi para ir a contabilidade ontem e buscar aqueles documentos sem avisá–los com antecedência. Mas a coisa me parece muito maior e acho que nós vamos precisar de uma auditoria muito rigorosa. – Alessandro falou passando as duas
mãos no rosto. 2
– Mas, Alessandro, se existe um saqueamento da empresa em várias frentes, significa que não é uma pessoa apenas, isso deve estar orquestrado por um grupo. – falei bastante preocupada. Quando eu trabalhava na construtora vi algo parecido acontecer com um fornecedor que parecia extremamente sólido e quebrou do dia pra noite. Era um amigo do Aldo Lascuran. 7
– E você sabe mais a fundo o que aconteceu? – Patrício me perguntou. 1
– Sim, eu era secretária e o Aldo me deixou a disposição do amigo dele por três meses para ajudá–lo com o que precisasse, pois ele havia contratado uma auditoria que garantiu que estava tudo bem e uma semana depois ele quebrou, a empresa foi esvaziada. Então eu o ajudei a estudar os documentos para entender o que aconteceu. 4
– Ah, mas é muita sorte nossa! Então você conhece bem a situação. Sua experiência vai ser fundamental, Catarina. – Alessandro falou com um sorriso. – Onde a auditoria errou? 1
–
– A auditoria não errou, ela foi manipulada. Descobrimos que os auditores estavam comprados pelos autores da fraude tão logo começaram o trabalho. Por isso que eu penso que vocês não devem contratar uma auditoria e deixar que saibam que estamos sendo auditados. Isso vai alertá–los e podem destruir documentos, sabotar a auditoria ou subornar os auditores. – Falei
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com preocupação. 4
– Mas, Cat, sem a auditoria como vamos chegar aos culpados? – Rick perguntou confuso. 1
–
Aí que está, eu acho que precisamos contratar umas três ou quatro pessoas, como se fossem apenas mais contratações normais, mas pessoas de alta confiança capazes de fazer uma auditoria independente, que entrariam nos departamentos como espiões, vamos chamar assim, sem que ninguém saiba que estão ali para auditar. E eles podem se misturar, acompanhar o dia a dia e de madrugada podem vir ao escritório e auditar com liberdade. 7
Alessandro e Patrício se olharam como se compreendessem minha sugestão. E então meu
chefe falou:
– Você tem um plano não tem? – Sorri e concordei. Realmente eu tinha uma idéia. – Então vamos lá, Catarina, nos explique no que você está pensando. 4
É simples, o prédio é grande, acredito que vocês possam esvaziar um andar com a desculpa de
que
ele será reformado e montar nele um escritório para que a auditoria seja feita em sigilo. Esse andar pode ser facilmente lacrado e restringido a pessoas de confiança, como você decidiu fazer aqui na presidência, Alessandro. Contratamos pessoas para se infiltrar nos departamentos, mas não só nos problemáticos, em todos, pessoas que pareçam inofensivas mas que seriam os olhos e ouvidos da auditoria e fariam cópias de todos os documentos. Como a empresa é sua, você também pode instalar equipamentos de gravação por todas as salas e telefones, mas sem que ninguém saiba, assim o trabalho seria monitorado diretamente no andar da auditoria, que teria uma pequena apenas de madrugada unicamente para fazer as análises necessárias. 8
Trabalhando
– A idéia é muito boa, Cat, mas por que eles trabalhariam somente de madrugada? – Patrício inquiriu sério. 2
– Porque assim eles não têm contato com nenhum funcionário da empresa, diminuindo as chances de alguém descobrir a auditoria e evitando que os subornassem. E também para não levantar suspeitas com a entrada de pessoas estranhas no prédio. 4
– É uma excelente idéia, Catarina. Mas alguém tem idéia de como nós podemos encontrar pessoas de confiança para fazer o trabalho? – Mariana perguntou. 2
– Olha, eu posso passar o contato das pessoas que ajudaram o Sr. Alencar quando nós fizemos a revisão da auditoria. São profissionais independentes, mas são muito qualificados. Aliás, o próprio Sr. Alencar tenho certeza que seria uma ótima ajuda.
– Peraí, Catarina, você está falando do Alberto Alencar da Aços Cidade? – Alessandro me perguntou surpreso. 2
– Sim, ele mesmo. Você o conhece? 1
– Claro, ele era um grande amigo do meu pai. Quando a empresa dele faliu foi realmente muito
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estranho. Eu estive com ele uma única vez depois disso. Ele me contou como foram as coisas e que um amigo o havia ajudado e colocado à disposição dele uma pessoa muito competente que o ajudou a montar o esquema para descobrir a fraude. Então foi você? – Alessandro parecia surpreso. 4
– Sim, fui eu. Felizmente o Sr. Alencar conseguiu provar que a fraude na empresa dele foi um golpe, caso contrário ele poderia estar preso injustamente. 1
Cara, esse caso é grande. O processo ainda está em trâmite na justiça, várias pessoas já foram presas, mas o Alencar ainda não recuperou quase nada que lhe foi roubado. – Patrício falou com certo pesar. 4
–
–
Pois é, exatamente isso. Eu estive com ele pouco antes de vir pra cá. Ele não conseguiu se reerguer, mas felizmente a família tinha outros pequenos negócios, foi o que impediu sua completa ruína. – Respondi com tristeza, o Sr. Alencar era uma boa pessoa. – Alessandro, por que você não chama o Sr. Alencar para comandar essa auditoria? Ele se especializou muito nisso, fez vários cursos para entender como fazer uma auditoria. 4
– É isso mesmo o que eu vou fazer. E acho, Patrício, que o plana da Catarina é a solução ideal. O que você acha? 4
– Eu acho perfeito. E você, Mari? 1
– Eu concordo, é perfeito.
– Ótimo, então vamos começar a colocá–lo em prática. Mas tem mais uma coisa, à partir de agora vamos precisar trabalhar aos sábados na minha casa, vocês se importam? Claro que a Catarina e o Rick vão receber por isso. – Alessandro nos encarou e todos concordamos. – E Mari, você está de partida e sei que vai estar nos dando apoio remoto, mas se precisarmos você poderia voltar? 3
– Claro, querido, para o que você precisar. – Mari respondeu como uma mãe.
– Ótimo, então eu vou marcar com o Alencar em minha casa no próximo sábado. Mari, como sua última função aqui, quero que você remaneje o pessoal do andar abaixo da presidência, esse é o andar onde vamos instalar a auditoria. E espalhe a notícia da reforma. Vou marcar com o chefe da segurança no sábado também, confio muito no Danilo e ele nos ajudará a preparar o monitoramento. – Alessandro falou com segurança e seriedade. – Ótimo, pessoal, é isso, só vou pedir que estejam mais atentos que nunca e qualquer coisa suspeita reportem. Ah, e sobre esse assunto, à partir de agora, só falamos fora da empresa em reuniões sigilosas em minha
casa.
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Todos concordamos e um a um foi deixando a sala, tendo eu ficado por último. (2
– Catarina, espere um momento, por favor. – Meu chefe falou com a voz cansada. 6
