Capítulo 56
Eu costumava visitar frequentemente antes de partir deste mundo.
Em minha obsessão, embora nossa criança não tivesse se formado completamente, ela deveria ter tudo o que as outras crianças tinhm.
Já fazia tanto tempo desde minha morte que as flores murcharam e desapareceram, deixando apenas folhas secas e solitárias encostadas no túmulo.
As flores de épocas anteriores haviam perdido a cor e, uma vez secas, foram despedaçadas pelo vento.
Nelson olhou para aqueles buquês em diferentes estágios de murcha e não conseguiu mais se conter: as lágrimas quentes começaram a cair.
Não era tarde demais para chorar?
Talvez nossa criança já tenha reencarnado.
Esperva que ela não encontre pais como nós e possa viver em paz em sua próxima vida.
Nelson pegou um chocalho, tirou o pó com os dedos e o sacudiu gentilmente.
“Ding, ding, ding…”
“Lúcio, o papai veio te visitar, você consegue ouvi–lo?”
Um vento soprou, levantando as pétalas meio secas da flor mais próxima.
Aquelas pétalas pareciam representar o amor que estava se esvaindo entre mim e ele, que, mesmo que eu não tivesse morrido, continuaria a murchar até desaparecer completamente com o sopro do vento.
Nelson percebeu isso e rapidamente estendeu a mão para pegá–las.
Só conseguiu agarrar uma pétala, que se desfez em sua mão devido à força do gesto, já que havia perdido toda a sua umidade.
Abrindo a mão, só restaram fragmentos, que o vento logo dispersou, não deixando nem rastro.
“Não!”
Ele tropeçou tentando seguir, caindo em frente ao túmulo, sujando seu traje caro com lama e ficando em uma situação lamentável.
Não olhei novamente, então apenas acariciei o túmulo: “Lúcio, me desculpe, a mamãe está atrasada. De agora em diante, eu não poderei mais visitá–lo. Se realmente existir reencarnação, na próxima vida você deve definitivamente escolher um bom destino.”
Esse lugar era um cemitério, onde muitas pessoas estavam enterradas, mas não encontrei ninguém como eu.
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Capitulo 56
Sozinha entre o céu e a terra, uma solidão indescritível.
Só ao cair do sol Nelson retornou ao carro.
O assistente, ao vê–lo coberto de lama, não conseguiu esconder a expressão preocupada em
seu rosto:
“Sr. Lopes, o senhor está bem?”
Nelson parecia ter perdido todas as suas forças e ficou sentado distraído no carro por um longo tempo antes de responder com uma voz rouca: “Você recebeu as imagens de vigilância da cafeteria?”
Nesse ponto, ele finalmente começou a suspeitar de Mirella.
“O proprietário disse que a câmera estava quebrada na época.”
“Quebrada…” – Nelson sorriu friamente: “Que coincidência.”
Se não estivesse quebrada, como Mirella poderia ter ousado agir tão abertamente?
Agora, sem provas, estou curiosa para saber se Nelson continuará a confiar em Mirella como
antes.
“Sr. Lopes, algo naquele dia não me pareceu certo. Mesmo que a senhora não gostasse de Mirella, por que ela escolheria um café, um lugar tão público, para empurrá–la?”
Agradeci ao assistente com um olhar.
Ele esteve do meu lado desde o início.
Era uma pena que uma lógica tão simples não passasse pela cabeça de Nelson, como se um zumbi a tivesse comido.
Nelson esfregou as têmporas: “Vá atrás das testemunhas que estavam lá naquele dia. Descubra o que realmente aconteceu. Com tantos pares de olhos, alguém deve saber a verdade.”
“Sim!”
O assistente parecia um pouco animado: “Ah, Sr. Lopes, você conseguiu falar com a senhora?”
Nelson suspirou profundamente: “Desta vez, eu realmente a magoei.”
Assim que ele terminou de falar, a ligação de Mirella tocou: “Nelson, onde você está? O céu está cheio de nuvens escuras, vai chover e trovejar esta noite. Estou com muito medo, você poderia vir ficar comigo?”
A expressão de Nelson não era mais tão adorável como antes, e sua voz era fria: “Tudo bem, eu também queria te ver.”