Capítulo 53
Nelson apressou o passo até chegar diante da jovem enfermeira, que se assustou
terrivelmente.
Quando viu que era Nelson, ela ficou ainda mais pálida e gaguejou: “Sr. Lopes.”
Observando a ansiedade de Nelson, se a outra pessoa não fosse uma mulher, ele provavelmente já a teria agredido fisicamente.
Naquele momento, ele estava angustiado: “Repita o que você acabou de dizer. O que aconteceu com a Sra. Lopes e o bebê?”
As duas enfermeiras se entreolharam, parecendo estranhar o fato de Nelson parecer tão
desinformado.
“Anteriormente, a Sra. Lopes teve um aborto espontâneo durante a gravidez e foi operada aqui.” Outra enfermeira, um pouco mais corajosa, perguntou com cautela: “O senhor, por acaso, não sabia da gravidez da Sra. Lopes?”
Essa pergunta, leve como uma pena, caiu sobre Nelson como um trovão, deixando–o com um olhar perdido, como se tivesse recebido um grande golpe.
“Ela estava grávida?”
As enfermeiras, envergonhadas, não sabiam como responder.
Afinal, quem não saberia sobre a gravidez de sua própria esposa?
“Sim, eu me lembro que quando a Sra. Lopes foi trazida ao hospital, foi por causa dos baixos níveis de progesterona, e havia o risco de aborto espontâneo. Além disso, a Sra. Lopes estava assustada, o que já dificultava a manutenção da gravidez. Ela estava segurando a mão do médico responsável, chorando miseravelmente, dizendo que faria qualquer coisa para salvar sua filha.”
Nelson fechou os olhos com força, murmurando: “Quem era o médico responsável?”
“Dr. Lima.”
Fiquei parada no corredor, observando Nelson caminhar com passos incertos em direção ao consultório do médico responsável, onde a verdade finalmente viria à tona.
‘Nelson, quando você descobrir que foi você quem matou nosso bebê, que expressão você terá? Você poderia sentir um pouco da dor que eu carrego?‘
Eu o segui lentamente e, ao chegar, vi a expressão de choque no rosto de Nelson: “É você, Hugo Lima.”
Sentado à sua frente estava um homem magro e elegante, com óculos de armação prateada
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Capitulo 53
no nariz.
Este homem foi meu colega de classe no ensino médio.
Ele tinha me cortejado naquela época, depois foi para a faculdade de medicina.
Naquela época, fui trazida ao hospital em um estado muito frágil, e ele, em consideração aos
anos que nos conhecíamos, passou a cuidar de mim com mais atenção.
Diante da chegada de Nelson, Hugo parecia já ter previsto que esse dia chegaria.
Em contraste com o choque de Nelson, ele mantinha uma expressão fria e indiferente.
“Sr. Lopes, sente–se, por favor.”
Ele olhou para seu assistente: “Você pode sair.”
“Sim, Dr. Lima.”
Nelson não estava a fim de fazer rodeios e foi direto ao ponto: “Quero saber sobre a Marlene e
o bebê.”
Hugo olhou para ele, não perdendo a chance de demonstrar um pouco de sarcasmo.
“O Sr. Lopes se preocupa com ela e com o bebê? Pensei que só a sua irmã, que não tem laços de sangue com você importasse aos seus olhos.”
Essa frase estava carregada de ironia e hostilidade, mas Nelson não tinha tempo para discutir
essas trivialidades.
“Pare de ser sarcástico e me dê uma resposta!”
“Bem, então eu vou lhe contar. Marlene foi diagnosticada com gravidez quando deu entrada no pronto–socorro, com tendência a abortar, por isso foi transferida para os meus cuidados. Na época, ela já estava sangrando. Eu disse a ela que havia uma grande chance de perder o bebê, mas ela insistiu que eu fizesse tudo o que pudesse para salvá–lo.”
“Ela sofreu muito para manter esse bebê. Os sintomas da gravidez eram tão graves que até beber água a fazia vomitar, mas, mesmo assim, ela decidiu ficar no hospital para tentar
salvá–lo.”
Hugo olhou para Nelson: “O que me intriga é como, sendo o noivo dela, você conseguiu vir ao hospital todos os dias sem visitá–la sequer uma vez?”
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