Capítulo 51
O Fundo Casa da Criança frequentemente recebia voluntários para realizar trabalhos de caridade, incluindo artistas e empresários.
Essas pessoas, em sua maioria, estão acompanhadas de objetivos de se promover, limpar sua imagem ou construir uma reputação.
Quando eu ainda estava lá, não vi a Dandara, então ela devia ter chegado recentemente.
Não sabia se era apenas impressão minha, mas o olhar dela para o Nelson parecia… diferente.
Embora ela tentasse disfarçar, eu ainda conseguia ver alguma coisa.
Dandara falou de forma gentil: “Estou vendo, o Sr. Lopes está tão preocupado com a Sra. Lopes, isso é realmente admirável. O relacionamento de vocês deve ser muito bom, não é mesmo?”
Nelson ficou um pouco constrangido e preferiu não prolongar o assunto: “Eu vim buscá–la.”
“Buscá–la? Mas eu não tenho visto a Sra. Lopes aqui nos últimos dias. Sr. Lopes, tem certeza?”
Nelson, tentando controlar seu nervosismo, disse: “Preciso resolver uma coisa com o diretor, até logo.”
Ele se apressou em direção à sala do diretor, que já o aguardava com um sorriso de boas–vindas: “Que visita rara, o Sr. Lopes veio pessoalmente.”
Nelson, desinteressado em formalidades, foi direto ao ponto: “Minha esposa esteve aqui
recentemente?”
O diretor balançou a cabeça: “A Sra. Barbosa não vem aqui há mais de dez dias, aconteceu alguma coisa?”
A notícia do meu desaparecimento ainda não era de conhecimento público e, vendo Nelson ali, o diretor começou a se preocupar, fazendo várias perguntas.
“Nada.”
Nelson sentiu um peso no coração, não querendo expor a situação, continuou: “Quando foi a última vez que ela veio? Percebeu algo diferente?”
Foi só agora que percebi um vislumbre de preocupação no rosto de Nelson, mas já era tarde demais.
O diretor pensou por um momento: “Se bem me lembro, a última vez que a Sra. Barbosa esteve aqui foi dois dias antes do casamento. Naquele dia, ela trouxe muitos doces e presentes para todos, deixando as crianças do orfanato muito felizes. O estranho é que a Sra. Barbosa não parecia feliz.”
O diretor coçou a cabeça e continuou: “Falando em coisas estranhas, essa não é a única. Todos sabem que o relacionamento entre a Sra. Barbosa e o senhor sempre foi sólido, são
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amigos de infância, algo que muitos invejam. Mas, no último ano, a Sra. Barbosa passou por muitas mudanças de humor. Às vezes, estava alegre… outras, triste. Especialmente há uns três meses, parecia ter ficado gravemente doente. Ela emagreceu muito, e o sorriso desapareceu do rosto. Passava a maior parte do tempo aqui no Fundo Casa da Criança.”
“Três meses atrás? O que aconteceu com ela?”
O diretor olhou para ele confuso: “Sr. Lopes, o senhor está brincando comigo? Como eu poderia saber se nem mesmo o senhor, que é marido dela, sabe? Desde aquela época, a Sra. Barbosa ficava frequentemente olhando as crianças com um ar distante, e às vezes até chorava. Perguntei a ela o que estava acontecendo, mas nunca me respondeu. Parecia que estava desmoronando aos poucos.”
Nelson parecia imerso em pensamentos sombrios, com o rosto carregado.
“Obrigado. Se minha esposa voltar, me avise, por favor.”
“É claro.”
O diretor observou Nelson sair rapidamente e murmurou: “Parece que os rumores não eram infundados. O relacionamento entre a Sra. Barbosa e o Sr. Lopes realmente se deteriorou.”
O diretor, sempre um homem gentil, já suspeitava que nosso casamento estivesse abalado e, por várias vezes, tentou me aconselhar discretamente.
Mas naquela época, eu estava cega por vingança, incapaz de ouvir qualquer um.
Era uma pena que eu não tivesse visto o diretor pela última vez.
Eu o vi pegar o celular e discar meu número com familiaridade.
Sem precisar ouvir, eu sabia que do outro lado da linha o som de “desligado” seria a única
resposta.
Quando Nelson estava saindo, deu de cara com a Dandara, que o cumprimentou educadamente: “Sr. Lopes, o senhor já está indo embora?”
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